terça-feira, 31 de julho de 2012

redundância



não sei se há um desconforto, um desencontro, dois sorrisos amarelados, ou um desgosto desossado...
sei que há um amolecimento de mãos. uma ausência de pernas. um pecado encruado. um juízo morto.
um silêncio inesperado. umas palavras que não são audíveis. um parto complicado, sem nascenssa.
sei que não há um interesse recíproco. não há a impulsividade de corpos. não há uma completude de ideias. não há como fazer você me dizer. não há como eu não dizer tudo. não há o que haver. e sem haver agente não tem ar.

como eu vou fazer pra respirar?
você não está aqui pra me reanimar.
você vai me deixando morrer rápido demais...

e eu não posso mais me dar ao luxo de sair por aí sem partes de mim.
você não vai embora com meus pulmões nos bolsos.
 eu demoro mas sobrevivo sozinha e logo volto a respirar.
eu não vou me perder pra você. você não quer as minhas partes partidas só os meus pulmões.
eu sou um pacote inteiro! você não pode chegar no frigorífico e pedir meus pulmões temperados. ou meu corpo desossado. ou meu cérebro fatiado.  ou meu estômago habitat de borboletas.

você comprou o pacote inteiro e agora acha pesado pra levar pra casa...

- acertou.

então me diz o que você vai fazer pra que eu também faça algo. ou faz algo sem dizer pra eu poder dizer algo. ou não faz nada. não diga nada. e deixe as compras apodrecerem fora da geladeira. ou faça um churrasco de mim e deixe meu sangue escorrer entre seus dentes. ou apenas... sinta-se  vivo e me deixe viver.

eu não sei.
mas vou esperar com meus pulmões dentro de mim e se você não demorar demais eu te empresto um e você nem precisa esvaziar os bolsos.


aquele abracinho


segunda-feira, 30 de julho de 2012

silêncio

incomoda né?
silêncio são todas as palavras que não foram ditas. ou exatamente as que foram ditas.
o silêncio não é ruim.
só incomoda.

eu não sei o que fazer com o incomodo...
varrer pra debaixo da cama não funciona.
ficar em silêncio também não.

não sei mais se existimos.

tô indo ali pensar antes de escrever pra ver se existo.

assim, eu existo pra mim.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

existencialismo



a minha pele que fala muito mais do que eu, grita um sussurro escrito que você tem que saber ler.
as linhas da minha pele, sabe? os diálogos gemidos, sabe? aquelas frases inteiras repletas de eufemismos...
você é a figura da minha linguagem.
e você sabe. só precisa existir.
- existe pra mim?
          

sexta-feira, 20 de julho de 2012

aos monogâmicos inveterados:


relacionamentos são jaulas emocionais onde casais tristes ficam observando os solteiros felizes e pensando que medo de ficarem sozinhos fez com que eles dissessem "eu aceito".
as pessoas não precisam de relacionamentos. as pessoas precisam de emoção, de romance, de diversão. SEM regras!
sem dor. sem espectativas. sem recentimentos.
os relacionamentos só tem regras. uma pessoa quer mais, outra quer menos. aí eles mentem, traem, reatam, evitam a culpa e quando alguém engravida aí eles se casam e um odeia o outro.
casais não são felizes.
isso é carência que a bíblia impõe.

eu acredito em romance. acredito em encontros. acredito em gestos. acredito em felicidade.

e esse é o caminho mais simples para a felicidade.

agora, há coisa mais bonita do que homens que não sabem que são bonitos? sempre com aquele andar variado e os olhos tristes, gesticulando muito pra esconder a timidez. se esforçam em parecer interessantes só pra nos interessar.

impossível não se interessar.

e quando eles têm uma dor, ficam muito mais elegantes como o Leminski afirma.

deve ser nosso instinto maternal.
rarararara

homens assim - magoáveis - agente observa de longe pra não provocar suicídio. são lindos mesmo.

aquele abracinho.
















quarta-feira, 18 de julho de 2012

quizás,

de re pen te eu me vi in va di da pe la por ra de uma sen sa ção de saudade absoluta que não deveria ser minha. senti uma pequena borboleta no estômago querendo fugir pro âmago ... fiquei invadida por felicidade durante dois mínimos minutos e me percebi apaixonada.
aí a desgraça toda estava anunciada. eu sabia. eu não cogitei. eu disse que iria me dispor. e me propus. eu acreditei e eu tento. mas quando tudo fica muito difícil fica difícil ter vontade de alimentar essa borboletinha. fico cansada e cansaço, acredite, é pior que o tédio da desapaixonês!
eu sei. não tenho tempo. e isso sempre me contou quanto vantagem. por eu não ser uma dessas mulherzinhas que desocupadas passam tempo demais tentando agradar ou saber onde está o seu macho.
eu não sou mulher de macho. eu gosto é de Homem e este, eu tenho que sentir as vezes que ele é meu. só as vezes. e eu não tenho que ficar lembrando o cara a ser meu homem as vezes. ele deveria lembrar-se.
por sí. por vontade. por reciprocidade inconstante.
quando essas coisas começam a me desgastar eu me desgosto.
não posso fazer sozinha.
não vou foder minha vida só. alguém que me foda tem que querer fodê-la também.
sem manutenção eu vou libertar a borboleta criança.
talvez eu cague ela. é o caminho mais próximo do estomago onde ela costumava habitar. mas como ela - espertinha - tenta alcançar meu âmago, o mais fácil é eu vomitar essas gratas palavras talvez infundadas.
é a sobriedade.

  
Siempre que te pregunto
que cuando,como y donde
tu siempre me respondes

Quizas, Quizas, Quizas

Y asi pasan los dias
y yo desesperado,y Tu,Tu contestando

Quizas,Quizas,Quizas,

Estas perdiendo el tiempo,pensando,pensando
Por lo que Tu mas quieras
hasta cuando, hasta cuando
Y asi pasan los dias, y yo desesperado
y Tu,Tu contestando

Quizas, Quizas, Quizas
 
 
---------------------------------------

inscrições ainda abertas.
vagas limitadas e matrícula gratuita com duas pedras de gelo,

a diretoria agradece.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Misto Quente

"...E minhas próprias coisas eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo atordoado e inútil o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava. Deus, eles todos tinham cus, e órgãos sexuais e suas bocas e seus sovacos. Eles cagavam e tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas à distancia, o sol provocando transparências em seus vestidos, refletido em seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas tem na cabeça sendo vomitado pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e ficar escondido com uma metralhadora. Certamente eu nunca seria capaz de ser feliz, de me casar, nunca poderia ter filhos. Mas que diabo, eu nem conseguia um emprego de lavador de pratos.

Talvez eu pudesse ser um ladrão de bancos. Alguma porra. Alguma coisa flamejante, com fogo. Você só tinha direito a uma tentativa. Por que ser um limpador de vidraças?"

 o velho safado favorito : Charles Bukowski

segunda-feira, 9 de julho de 2012

pequeno mapa

uma sequencia pra você entender esse post:
1º coloque os fones de ouvido e aperte o play no video abaixo.

2º entenda a parte da música a qual cito abaixo. EN TEN DA!

You drove me, nearly drove me, out of my head
While you never shed a tear
Remember, I remember, all that you said?
You told me love was too plebeian
Told me you were through with me and

Now you say you love me?
 
 
3º LEIA:
 
"Depois de muito tempo tomando no cu, descobri que é, pois é, o amor é irracional.
Mas eu não posso ser.
Mais de uma vez cometi absurdos e impropérios em nome disso. Mas é amor!, eu pensava. E arrancava os pedaços meus pelo caminho.
Agora não; agora chega disso.
Esse negócio de arrancar pedaços já não me serve, que eu preciso de mim inteira pra sobreviver.
Antes inteira e sozinha do que capengando por aí."
 
(Clarah Averbuck)
 
4º Leia-me:
 
não posso mais perder partes de mim. não posso mais ficar carregando vocês em meus bolsos pra quando eu me entediar, usar como um leque. eu não posso mais ver as pessoas indo embora com meus olhos em seus bolsos. eu não posso mais usar as pessoas como se fossem uma bolsa que passa da louis vuitton para clock house. eu não posso mais ficar quebrando a cabeça pra juntar as partes do mim espalhadas no assoalho. não há vítimas. só pessoas que se gastam pra não se perderem nelas mesmas. pessoas narcisistas que gostam de ter sua vida testemunhada por outra. pessoas que gostam de ser pessoas.
mas escutem:
vocês me gastam e eu me des gasto.
tenho sete vidas. 
meu fígado ainda não se emancipou.
meus pulmões ainda me dizem oi.
mas vocês? eu não tenho muito a dizer além de um:
- oi, até logo. tchau. foi bom. vou escutar a dica daquele CD. sim, você pode se livrar da minha escova de dentes. você me manda um postal? não!? tudo bem. vou ficar bem. você vai ficar bem? amém. é isso. vou indo. tchau. eu te ligo. 
 
eu não vou te ligar. as pessoas não ficam amigas pós relacionamento. não instantaneamente. isso é balela hipócrita hollywoodiana. eu não quero ser sua amiga. nem quero seu postal agora. você vai pensar em fazer uma espécíe de vodu com minha escova de dentes... mas espero que não faça.
vai levar um tempo... daí quando você me mandar aquele postal eu te ligo. 
 
-não mude de número. 
 
-----------------------------------------
 
 preciso de um cara novo pra me apaixonar de novo.
inscrições abertas. 

a diretoria agradece.

 
 
 
 

uma sequencia pra você entender esse post:
1º coloque os fones de ouvido e aperte o play no video abaixo.

2º entenda a parte da música a qual cito abaixo. EN TEN DA!


You drove me, nearly drove me, out of my head
While you never shed a tear
Remember, I remember, all that you said?
You told me love was too plebeian
Told me you were through with me and

Now you say you love me?
 
 
3º LEIA:
 
"Depois de muito tempo tomando no cu, descobri que é, pois é, o amor é irracional.
Mas eu não posso ser.
Mais de uma vez cometi absurdos e impropérios em nome disso. Mas é amor!, eu pensava. E arrancava os pedaços meus pelo caminho.
Agora não; agora chega disso.
Esse negócio de arrancar pedaços já não me serve, que eu preciso de mim inteira pra sobreviver.
Antes inteira e sozinha do que capengando por aí."
 
(Clarah Averbuck)
 
4º Leia-me:
 
não posso mais perder partes de mim. não posso mais ficar carregando vocês em meus bolsos pra quando eu me entediar, usar como um leque. eu não posso mais ver as pessoas indo embora com meus olhos em seus bolsos. eu não posso mais usar as pessoas como se fossem uma bolsa que passa da louis vuitton para clock house. eu não posso mais ficar quebrando a cabeça pra juntar as partes do mim espalhadas no assoalho. não há vítimas. só pessoas que se gastam pra não se perderem nelas mesmas. pessoas narcisistas que gostam de ter sua vida testemunhada por outra. pessoas que gostam de ser pessoas.
mas escutem:
vocês me gastam e eu me des gasto.
tenho sete vidas. 
meu fígado ainda não se emancipou.
meus pulmões ainda me dizem oi.
mas vocês? eu não tenho muito a dizer além de um:
- oi, até logo. tchau. foi bom. vou escutar a dica daquele CD. sim, você pode se livrar da minha escova de dentes. você me manda um postal? não!? tudo bem. vou ficar bem. você vai ficar bem? amém. é isso. vou indo. tchau. eu te ligo. 
 
eu não vou te ligar. as pessoas não ficam amigas pós relacionamento. não instantaneamente. isso é balela hipócrita hollywoodiana. eu não quero ser sua amiga. nem quero seu postal agora. você vai pensar em fazer uma espécíe de vodu com minha escova de dentes... mas espero que não faça.
vai levar um tempo... daí quando você me mandar aquele postal eu te ligo. 
 
-não mude de número. 
 
-----------------------------------------
 
 preciso de um cara novo pra me apaixonar de novo.
inscrições abertas. 

a diretoria agradece.

domingo, 8 de julho de 2012

eu volto. eu voltei. nós voltamos. nunca acaba. nunca vai acabar. por hora, o hoje não vai acabar. você sabe, eu sei. palhaço pipoquinha sabe. deus ou o zebú, eles sabem. até o flanelinha sabe. o seu dentista sabe. iemanjá com certeza sabe. você detêm o mapa do meu nada e não me empresta. não me deixa espiar... pra me manter na dependência. aí eu fico. aí eu fiquei. aí eu fiquei exatas 3 hrs no telefone farelando tua voz. e você velando meu sono ao telefone.
oquei.
volte do outro lado mundo e nós voltamos.




"...Doido desejo chupando dedo num beco
cheio de bêbados trêbados
Chutando os prédios, pregando prego no prego
Réu da razão, do suplico, cuspe fútil
Nessa estrada cariada
Só você é o meio-fio de luz
Contramão sinalizada
No mapa do meu nada
Canção emocionada
Trajeto por teus fios."

sábado, 7 de julho de 2012

- você tá boa?

tô. tô boa sim. a pergunta pós vigésimosegundofimpranuncamais

meu bem, minha vida fora da sua fica menos confusa. as coisas são simplesmente mais fáceis. eu me estresso menos. e tenho menos dor de estômago. eu fumo menos e me alimento com mais qualidade. de fato eu bebo igualmente muito. mas eu tenho tido menos dor de cabeça. eu tenho tido mais tempo pra ler e escrever. eu tenho tido mais inspiração pra escrever. eu tenho feito planos a curta distância. eu tenho planejado viagens que você nunca concordaria. tenho ouvido música brega sem ter que aguentar seus resmungos. eu tenho dormido uma noite inteira sem me assustar com seus roncos. eu tenho visitado bares que você nunca me levava e tenho sorrido pra estranhos sem a sua respiração irritada e seu pseudo discurso libertário. eu tenho usado sapatos altos. e tenho feito mais ginástica.

é. sim. eu tô bem. respondi sua pergunta? eu tô muito, muito e muito bem.


mas e se o extraordinário existir?



e se eu não me reconhecer mais sem você? e se esse tédio não passar? e se eu voltar a ficar soberba e sem paciência com os outros?
e se eu tiver que me conhecer de no vo?
e se não tiver ninguém pra observar?
e se você se reconhecer em outra?

sem você os meus dentes irão azedar. meu cabelo irá cair. minhas lentes irão ressecar e eu não vou enxergar nada. nada. minha pele irá descascar e meu hálito irá feder. eu vou ficar perdida e vou me perder ganhando novos hábitos: comer bem. fumar menos. fazer exercícios.

e vou fingir estar tudo bem. porque eu estou bem. estou bem sim.

mas eu prefiro a agonia horripilante da sensação de paixonite bubônica. prefiro que me faltem as palavras e eu fique insegura. prefiro me estressar e gritar durante 10 minutos seguidos. prefiro chorar até pegar no sono na cama, abraçada ao travesseiro. prefiro me encher de carboidrato e de peso na consciência. prefiro. prefiro.prefiro.

eu prefiro ter dores no estômago e aguardar você me trazer os blablaprazol.
prefiro ter insônia e testemunhar seu ronco.
prefiro fumar maços inteiros de cigarro.
prefiro me afogar em vódeca por você e não gratuitamente.
prefiro isso a não existir.
você que me tira do tédio e me faz mergulhar em imensas sensações de ridículo prazer em ser viva.
eu sou viva.
e sou pra você.



terça-feira, 3 de julho de 2012

vigésimo segundo fim pra nunca mais

as coisas vão acabando. não tem data certa nem hora marcada. mas elas acabam.
eu não preciso de um namorado. eu não preciso de um pau pra gozar. eu não preciso de um homem pra acender o fogo do meu cigarro. eu não preciso dar certo. eu não preciso dos seus conselhos. eu não preciso de você pra pagar minha vódeca. não preciso de você pra me dizer o quanto sou confusa. eu não preciso de você pra revirar meus atalhos. eu nem preciso de atalhos. eu não preciso revirar suas coisas pra saber dos seus atalhos. eu sei de tudo.vendo você assim, com os olhos vermelhos, eu não consigo ouvir seus gritos enquanto rasga minhas páginas. eu só consigo alimentar meu sorriso interno. você vai ficando sem mim pela metade. não preciso de você pra colocar palavras na minha boca. eu não preciso de palavras que não passaram pelo meu juízo. eu não preciso da sua lingua na minha garganta. eu não preciso do seu suor na minha saliva. eu não preciso. eu não preciso.
sou uma mulher com colhões.
eu tenho colhões.
eu não preciso de você na minha solidão.
eu não preciso querer mudar meu mundo por você.
eu preciso de alguém que mude meu mundo sem eu querer.

vigésimo segundo fim pra Nunca Mais. dois patinhos na lagoa - eu disse. você respondeu com "bingo."

- BINGO.

Nós nos conhecemos na janela e você logo falou sobre masturbação. achei tão improvável um homem tentar conquistar uma mulher falando sobre masturbação. eu tentei não precisar ouvir o resto da frase e ignorar, mas não consegui. depois de um cinema na quinta foi no boteco de quinta que você me beijou, eu tentei não precisar sentir seu cheiro mas não consegui. e você escreveu tudo isso. você me mostrou e logo eu estava precisando ler você. ler como você lia.
o mais adorável dos caras: com um sorriso sonoro inaudível e olhos muito densos. ora entendia tudo, ora se calava e fingia atenção.
eu pensei: preciso fugir daqui! chamem a minha mãe! melhor, chamem o táxi. chamem a polícia. os bombeiros. a energisa. são jorge. chamem um médico. meu psiquiatra! quero viloprex.
logo nos estávamos dividindo a vida.
dividir a vida não é se afogar no outro. não deve ser. dividir a vida sempre é se afogar no outro.
assim, ele roncava e eu aprendi a não ouvir.
eu gritava e ele aprendia a não ouvir.
ele era estupidamente idiota com um ciúme irremediável e eu aprendi a ignorar.
eu jogava os cinzeiros na parede e você sempre comprava mais.
as pessoas não mudam, apenas aprendem a se conter.


acabou de novo. acabou de novo. acabou de novo.

vigésimosegundofimpranuncamais.

agora as coisas estão cinzas e eu padeço de um tédio horroroso.
é triste saber que eu preciso precisar de você e não preciso.





no planeta Balves

tédio ocioso que leva você a engolir mentiras coloridas e ir ao cinema ver mais um filme que trata de amor e que até te faz rir mas não é suficiente
porque em cinemas não se pode fumar mas eu levo a bebida
fase tediosa
vontade de explodir meus tímpanos ouvindo beach boys Nina Simone e bobby womack sorrindo pra crianças que sempre acham coisas interessantes no meio das cores
quem sabe não fico assim? colorida.
deus é pintor.



tédio.
basta eu não me apaixonar pra ficar toda irritada e alcoolatra.
basta eu me desapaixonar.
as pessoas não deveriam sofrer a pressão de tentar fazer os outros se apaixonarem por você.
as pessoas deveriam ser livres. as coisas deveriam acontecer naturalmente. o natural deveria não caber pressão.
mas cabe. e cabe mesmo. No planeta Balves cabe.

e eu fico entediada e com raiva do cara.
- putaquepariu que grande incompetência. e eu sou uma mulher de fácil paixonite. basta me gerar curiosidade, beijar com intensidade e me manter ocupada.
 as mãos, a boca e o juízo.
o juízo.
preciso de alguém que me roube o juízo.

quero acordar com minha boca colada na nuca de alguém.
quero poder contar os cílios do sujeito de tão perto que estarei.
quero alguém que cale minha boca: com argumentos. beijo. porra.
mas cale a minha boca.

- CALE A MINHA BOCA.