segunda-feira, 30 de abril de 2012

tudo sem nada

você mora na periferia do meu olhar
porque no centro dele sou eu tentando não te ver
você mora no flanelinha de carros,
no motorista de ônibus,
na criança pertubada do cinema
você vive.
tudo é você.
onipresente, eu não consigo me esquivar.
não me resta nada


você mora na periferia da minha íris
e no extremo do meu clítoris.

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deixa eu falar uma coisa sobre tentar se manter vivo: 
- Fique vivo.
não tente se matar ingerindo a mistura de todas as bebidas. pedindo carona a taxistas. sorrindo pra estranhos. paquerando o povo alheio e sem rosto. perdendo sua carteira. fugindo do seu homem. fingindo ser humana. 
não tente se matar se enchendo de analgésicos pra curar a ressaca. 
não tente se matar vomitando todas as águas do seu corpo.
não tente fumar todos os cigarros do mundo.
tenter estar. evite ser.

-fechado.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

- run, iza, run

não sei se esse querer é meu...
sei que não deveria ser seu.
sinto um querer profundo que deveria dizer algo
e não diz.
se dissesse, eu deveria saber.
se eu soubesse, deveríamos saber.
se soubéssemos, saberíamos.
que esse querer é todo nosso
e que se nosso fosse,
deveríamos querer.


domingo, 15 de abril de 2012

você chegou faz é tempo e eu fico sempre a sorrir. não brigamos por nada e isso faz bem a alma. é uma estabilidade que satisfaz o clítoris e me apega o pau. apegados, ficamos nesse cotidiano de café, almoço e janta como quem já tivesse casado e acabado o caso.

nos dois sabemos do nó. e que o nó não fica na garganta. fica no juízo, fica nos nossos pés ao pé da cama, fica no nosso meio, fica em nossas linguas brincalhonas.
eu dei um nó no teu corpo e você vai ficar pra sempre aqui.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

fase

desprendida. vegetariana. não fumante. não bêbada. TPM. rísco de Anita. desapaixonada. desapaixonante. sem pacovás pra encher. sem encher pacovás. sem sorrir muito. sem muito chorar. equilíbrio constante. sem falar. muito ouvir. constante equilíbrio. de paz com nossa Senhora da Pequena Morte, o sindicato dos macumbeiros, o Somnio e todo o completo resto.
- nem feliz nem triste.

depois disso a vida foi.

sábado, 7 de abril de 2012

CIA no reto

não. eu nçao quero ficar aqui. não quero estar. não quero existir. aqui. cada passo que alimenta a minha chegada é como uma morte aos poucos. as escadas parecem facadas suceptiveius.
tenho a impressão que qualuqer lugar pode ser pior que aqui. mesmo assim, aqui não é o lugar.
essas pessoas não me são pra mim.
como uma intrusa num país estranho. extra-terrestre do  meu proprio corpo.
nada disso nunca será como antes.
a inocencia. os sorrisos. o sentido. a vontade. tudo parece uma versão de outra coisa que eu já vivi e até sinto saudade mas não deveria revivê-la.
tudo é uma versão de outra coisa.

não vai acontecer. eu sei.