quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

pedido

eu poderia me acostumar com você me consumindo aos poucos.
sorrindo pra estranhos. sempre tão compenetrado na conversa alheia.
tão absoluto quanto eu
eu poderia me acostumar com tua ironia sutil, 
com o seu cruzar de pernas não romântico e aquele jeito lindo de me dizer nada.
tudo fica absolutamente suficiente.
eu poderia me acostumar com teus dedos me invadindo
com seu sussurro me machucando
com o ardor da convivência
eu me acostumaria com tua insanidade
com as madrugadas falantes
com nosso desejo gritante
e aquele silêncio mutuo mudo
você poderia se acostumar um pouco comigo também
acostumados, lidariamos bem com nosso tédio
e sim, eu quero seu vinho verde
você aceita se acostumar comigo?



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passado de um filhodaputa que reflete até hoje


partiu em vinte fatias perfeitas e não comeu.
porque se tivesse comido alguma merda teria acontecido.
adubariamos alguma planta que crescida logo apodreceria.
mas você não. você deixou meu coração apodrecer.
sem serventia alguma.
ele apodreceu.
os vermes o consumiram.
e doeu a cada amanhecer do dia.
o bom disso tudo, é saber da sua indigestão.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011



o amor é tudo o que você pode trazer e é tudo o que você não pode deixar pra trás. 


se você tiver algo pra me dar, e tiver algum espaço em seu coração
eu vou levar sua bagagem e o que mais você tiver a mão

se você me deixar caminhar ao seu lado e participar dos seus planos
eu te conto os meus, e talvez possamos fazer planos enquanto caminhamos

se você me ensinar suas verdades
eu te guardo na minha paisagem
e te faço o jantar
você cuida do jardim
você se mostra de longe e eu te tomo pra mim.

e aí sim, você assina seu nome com suor na minha pele

é que eu tenho um muito inteiro pra te dar
e tem espaço de sobra no meu coração...
você pode levar minha bagagem e o que tiver na mão?


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

como se não bastasse tem sempre uma vozinha ao pé do ouvido dizendo o que eu devo fazer.
eu já sei.
só tô sem vontade. uma desvontade absoluta e completa de tudo.
que sorrir dói e chorar é pouco.
ter que ser legal é um pecado (para nossa senhora da pequena morte)
e sentir olhos desviando dos seus é homicídio.
um sono atormentado entre o calor e a ausência de mãos.
como se não bastasse tem sempre alguém querendo quebrar suas pernas.
e minhas partes inteiras agradecem a gentileza.
acordo com os braços adormecidos embaixo do meu corpo e pergunto:
- porque mesmo eu os tiraria dali?
na barriga, borboletas assassinas querem me arrancar o estômago a fora e
o âmago amargo fica contemplativo ao observar.
escrever é um fardo e ler tão pouco me absorve.
como se não bastasse tem sempre alguém apaixonado por você
te xingando prazerosamente de vilã e simulando afeição.
acusando você com os olhos carentes e afirmando lealdade
como um cachorrinho que você bate e ele abana o rabo
como se não bastasse o resumo do tédio entediante dessas pequenas frases...

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começou de novo o inferno astral do consumismo de novo.
o trânsito não transita. as pessoas que andam, rastejam. as crianças que falam, gritam.
e como se não bastasse no meio do tumulto e do calor infernal, tem sempre uma velhinha muito querida que passa a ser odiosa devido a lentidão da propagação de informação e de seus morosos passos.
assim, não dá!
ai tem aqueles convites trágicos de ir pra casa de vó no natal, e enfrentar todo aquele interrogatório te recriminando por ter 24 anos e não estar casada (?). ou te escumungando por ter uma vida social longe do interrogatório interminável.
ou vc tem outra opção...
ficar com a família do seu namorado. E

conhecer a família dele.


isso implica em ter que sorrir, ajudar a sogra com a louça E ficar sóbria.
pior, isso irá remeter a um interrogatório interminável também.

eu tenho minha casa, com meus medos recheados de boas lembranças. tenho uns vinhos guardados e com sorte comida in delivery.

amém.




sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

léxico e amor


é que a vontade de morrer a perseguia adentrando as entranhas estranhas de sua perniciosa pele.
cada dia sem olhar para trás ela repetia as cenas e se repelia, de tal forma e de madrugada cortava os tornozelos.
um clichê para quem não sente o prazer de ver o sangue escorrer sabendo que é seu.
depois o sabão e o chuveiro a acusam ainda mais de sua dor.
essa dor a faz esquecer da demência absoluta de sua vida, e aos poucos a morte vai suspirando sua nuca
cada dia mais intensa.
as vezes Nina pensa ouvi-la dizer promessas de eternidade.
mas ai estremece e percebe-se só de novo.
é o vento branco na janela a convidando para pular.
acende um cigarro e engole mais uma dose.
então é seu corpo em chamas e o frio da morte consome sua barriga.
as vezes, ao imaginar pedaços de sua pele grudados a parede enquanto sua derme é flambada com vodca Nina Vomita. depois sente a satisfação da barriga cheia de seu próprio churrasco.
Nina não se vê louca. apenas desistente.
uma estatística que não se assume descontente. nem tão pouco o contrário.
Nina é um número que não sente mais.
e o encurtar dos caminhos era tudo o que ela tinha nas mãos.
cortando os passos, seguindo os pulsos.

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MINHAS PERNAS CONTINUAM AQUI.


partiu meu blues do céu,
depois pediu pra ficar me partindo e 
rachou minhas pernas ao meio dizendo onde iria se instalar
ai roçou parte do meu coração partido
que partido partiu para não se apegar demais
gemeu involuntariamente e eu
com meu sorriso culpado
cruzei as pernas e esperei teu olhar
partido e desafogado, lamuriou uma centena
eu que não sou partida, denunciei a verdade
- sou inteira.
e tu partiu partido, deixando minhas pernas inteiras.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

desaBA FO

de repente eu me senti invadida por um monte de merda.
que merda.

-MERDA!

fico repetindo as cenas na minha cabeça e não acho sentido algum.
queria ter dito tantas outras coisas. queria ter dito tudo.
queria ter dito que te acho um merda. que pensar em você sempre me dá uma sensação de gastura.
que odeio o jeito que você se acha esperto e não é. que você não precisa ser grosso comigo para me fazer sentir uma merda. que sinto nojo de mim quando você me olha com desejo.
queria dizer que seu odio gratuito me faz mal. e não deveria fazer.
não entendo porque faz. mas faz.
queria só entender o motivo de você me fazer tanto mal se eu só te quis o bem.
de gastar um tanto da sua saliva defendendo o quanto eu não sou aprovável.
meo deus eu sou só e humana. e sou só uma humana também.
não tem segredo ou mistério.
eu sou isso mesmo que vocês vêem mas ficam mistificando pra poder achar motivos pra me odiar.


levanto os olhos e a imagem de Maria me faz companhia, ela parece debochar de mim com aqueles olhos ternos encarando toda a minha revolta e se desfazendo aos poucos sem o menor cuidado.
- bem vinda ao clube.

domingo, 4 de dezembro de 2011

o negózi comigo é complicado. porque eu tô sempre alimentando as poeiras pelos cantos com mais poeira. deixo-as esquecidas e logo elas me dão uma alergia grave que só com muito anti-alérgico consigo me curar. deixa eu explicar isso de outra forma...
são como animais de estimação. fico com pena, estão abandonados e resolvo dar atenção...
um pouco de comida e carinho e o cara vai ficando... quando menos espero ele se instalou de tal forma que dizer pra ele (o animal) que eu não posso ficar com ele é traumático (pra mim!) porque ai ele vai latir ou miar muito alto, vão acordar os vizinhos e ele vai tentar me arranhar ou morder... e eu sempre acabo como a vilã. as pessoas gostam de me achar vilã. e eu gosto da atenção, oq posso fazer?
ai quando eu começo a retrucar" moro num apartamento pequeno, é proibido a criação de animais de estimAçao neste prédio, tenho alergia a animais de raça, não é você sou eu...."
o animal chora, ou sai batendo a porta (bom sinal) e depois volta dizendo o quanto eu sou manipuladora e sem coração.
eu sei que me desapego as coisas com agilidade, mas perceba ... somos dois e eu só tenho uma cama de casal que serve para um casal e eu não quero ser casal.
prefiro me esticar pela cama toda.



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011